O IBDP- INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCI\u00c1RIO, entidade de cunho cient\u00edfico-jur\u00eddico, no uso de suas atribui\u00e7\u00f5es que tem entre os seus objetivos a produ\u00e7\u00e3o de material informativo sobre seguridade social e temas jur\u00eddicos relacionados, buscando proporcionar conte\u00fados de acesso universal para a classe de operadores do direito, bem como para a sociedade, vem apresentar an\u00e1lise t\u00e9cnica sobre a recente publica\u00e7\u00e3o da lei 14.126 de 22 de mar\u00e7o de 2021 que classifica a vis\u00e3o monocular como defici\u00eancia visual do tipo sensorial.<\/p>\n
O direito das pessoas com defici\u00eancia vem a tempos ocupando um lugar de destaque nos \u00e1trios dos nossos tribunais, sobretudo, no que toca \u00e0 mat\u00e9ria previdenci\u00e1ria. N\u00e3o por acaso, no \u00faltimo dia 22 de mar\u00e7o restou sancionada a lei 14.126\/2021 que eleva a vis\u00e3o monocular a status<\/em> de defici\u00eancia visual do tipo sensorial.<\/p>\n
Ademais, no mesmo dia restou publicado o Decreto n\u00ba. 10.654\/2021 que trata da avalia\u00e7\u00e3o biopsicossocial da vis\u00e3o monocular para fins de reconhecimento da condi\u00e7\u00e3o de pessoa com defici\u00eancia, cuja avalia\u00e7\u00e3o se dar\u00e1 nos termos dos par\u00e1grafos 1\u00ba e 2\u00ba do artigo 2\u00ba da Lei 13.146\/2015 \u2013 Estatuto da Pessoa com Defici\u00eancia.<\/p>\n
No presente estudo, iniciaremos com as nuances acerca da terminologia empregada para referir-se as pessoas com defici\u00eancia, dadas as mudan\u00e7as da sociedade, isto \u00e9, o contexto hist\u00f3rico, al\u00e9m de percorrer os diplomas legais pertinentes ao tema.<\/p>\n
Neste ambiente, compulsando a doutrina e legisla\u00e7\u00e3o, infere-se que ao longo dos anos diversos termos foram utilizados para destacar o indiv\u00edduo, os quais destacavam a discrimina\u00e7\u00e3o e a defici\u00eancia, tais como: aleijado, anormal, defeituoso, incapacitado, inv\u00e1lido etc. E um registro, atualmente, essas express\u00f5es um tanto quanto pejorativas n\u00e3o s\u00e3o mais aceitas por expressarem o preconceito.<\/p>\n
A terminologia \u201cpessoa portadora de defici\u00eancia\u201d, em sede constitucional [art. 7\u00ba XXXI e 37, VIII], acompanhadas pelas legisla\u00e7\u00f5es infraconstitucionais, que lhe dedicaram expresso respeito, desde 1988 vem sofrendo ferrenhas cr\u00edticas, pela abrang\u00eancia, a incluir todas as pessoas portadoras de qualquer tipo de anomalia.<\/p>\n
Ademais, em consulta ao dicion\u00e1rio[1]<\/a> temos que o termo \u201cdefici\u00eancia\u201d guarda origem do latim\u00a0deficientia<\/em>, e denota falta, insufici\u00eancia, imperfei\u00e7\u00e3o, defeito.<\/p>\n
DIREITO TRIBUT\u00c1RIO. CEGUEIRA MONOCULAR E ISEN\u00c7\u00c3O DE IMPOSTO DE RENDA. Os proventos de aposentadoria ou reforma percebidos por portador de cegueira monocular<\/u> s\u00e3o isentos de imposto sobre a renda.\u00a0Inicialmente, destaca-se que o art. 6\u00ba, XIV, da Lei n. 7.713\/1988 n\u00e3o faz distin\u00e7\u00e3o entre cegueira binocular e monocular<\/u> para efeito de isen\u00e7\u00e3o de imposto sobre a renda. Nesse contexto, o STJ firmou posicionamento segundo o qual, consideradas defini\u00e7\u00f5es m\u00e9dicas – que apontam que mesmo a pessoa possuidora de vis\u00e3o normal em um dos olhos poder\u00e1 ser diagnosticada como portadora de cegueira (H54.4) – a literalidade da norma em quest\u00e3o enseja a interpreta\u00e7\u00e3o de que a isen\u00e7\u00e3o abrange o g\u00eanero patol\u00f3gico “cegueira”, n\u00e3o importando se atinge o comprometimento da vis\u00e3o nos dois olhos ou apenas em um. Precedentes citados: AgRg nos EDcl no REsp 1.349.454-PR, Primeira Turma, DJe 30\/10\/2013; e REsp 1.196.500-MT, Segunda Turma, DJe 4\/2\/2011.\u00a0REsp 1.553.931-PR<\/a>, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 15\/12\/2015, DJe 2\/2\/2016.<\/p>\n
ISEN\u00c7\u00c3O. IR. VIS\u00c3O MONOCULAR. No caso, o recorrido foi aposentado por invalidez permanente em decorr\u00eancia de cegueira irrevers\u00edvel no olho esquerdo. Em consequ\u00eancia, pleiteou judicialmente a isen\u00e7\u00e3o do imposto de renda com rela\u00e7\u00e3o aos proventos recebidos conforme disp\u00f5e o art. 6\u00ba, XIV, da Lei n. 7.713\/1988. Consoante a classifica\u00e7\u00e3o estat\u00edstica internacional de doen\u00e7as e problemas relacionados \u00e0 sa\u00fade (CID-10), da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS), que \u00e9 adotada pelo SUS e estabelece as defini\u00e7\u00f5es m\u00e9dicas das patologias, a cegueira n\u00e3o est\u00e1 restrita \u00e0 perda da vis\u00e3o nos dois olhos, podendo ser diagnosticada a partir do comprometimento da vis\u00e3o em apenas um olho. Logo, mesmo que a pessoa possua vis\u00e3o normal em um dos olhos, poder\u00e1 ser diagnosticada como portadora de cegueira. A lei n\u00e3o distingue, para efeitos de isen\u00e7\u00e3o, quais esp\u00e9cies de cegueira estariam beneficiadas ou se a patologia teria que comprometer toda a vis\u00e3o, n\u00e3o cabendo ao aplicador do direito faz\u00ea-lo. Assim, o portador de qualquer tipo de cegueira, desde que caracterizada por defini\u00e7\u00e3o m\u00e9dica, ser\u00e1 beneficiado com a isen\u00e7\u00e3o do imposto de renda nos termos do art. 6\u00ba, XIV, da Lei n. 7.713\/1988. Da\u00ed, a Turma negou provimento ao recurso.\u00a0REsp 1.196.500-MT<\/a>, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2\/12\/2010.<\/p>\n
Gabriel Jotta Vaz[2]<\/a><\/p>\n
O IBDP- INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO PREVIDENCI\u00c1RIO, entidade de cunho cient\u00edfico-jur\u00eddico, no uso de suas atribui\u00e7\u00f5es que tem entre os seus objetivos a produ\u00e7\u00e3o de material informativo sobre seguridade social […]<\/p>\n","protected":false},"author":5,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[15],"tags":[],"class_list":["post-1641","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-notas-tecnicas"],"aioseo_notices":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/1641","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/users\/5"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcomments&post=1641"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/1641\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fmedia&parent=1641"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcategories&post=1641"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/backup.ibdp.org.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Ftags&post=1641"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}